quarta-feira, 20 de maio de 2009

INSIGHT



Abriu a agenda de compromissos aleatórios e, dela, caiu um papel com marcas de batom. Nem vermelho, nem rosa, mas algum tom oscilante dessa escala. Era visível o lábio carnudo, ah se era! Pensou alto de olhos fechados. Onde estaria aquela mulher? Aquela que numa tarde qualquer de uma chuva qualquer, acenou por carona após o contratempo de um pneu furado.
O jeito foi parar no acostamento e esperar que o tempo amenizasse. Até lá conversariam trivialidades e ele nunca mais a veria. Só que essa parte não estava escrita na estória. Não sabemos ao certo se houve preliminar, o fato é que arrancaram as roupas e se atracaram no ritual animalesco do amor carnal como um casal de leões num cio reprimido. Foi tanta fartura de suor e pernas e gozo e seios e pelos e bocas... Que a chuva cedeu lugar ao sol e ao sono. No dia seguinte ele acordou e ela já havia desaparecido. No ar o perfume francês e a ressaca de uma licença felicidade. Um ano se passou, mas aquela tarde chuvosa ainda o fazia sorrir leve nos momentos de ímpeto adolescente. Um ano se passou e um papel com marcas de batom caiu da sua agenda. Reconheceu o perfume e nesse instante trovejou.

4 comentários:

  1. Acho que o amor não é como imaginamos. =)

    ResponderExcluir
  2. Uma tarde qualquer de uma chuva qualquer e um perfume francês, bom conto, querida!

    Adorei você e seu blog secreto, beijos. =)

    ResponderExcluir
  3. Ahh, você gosta de cem anos de solidão? Sensacional =)

    ResponderExcluir